Indicadores de Economia Circular: Como Medir o Progresso?

Os indicadores de economia circular são ferramentas essenciais para medir o progresso e avaliar o impacto das estratégias de circularidade. Eles nos ajudam a entender se estamos realmente fazendo avanços na transição para uma economia mais eficiente e sustentável. Mas, quais são os tipos de indicadores mais utilizados e o que eles realmente nos dizem?

O Que São Indicadores de Economia Circular?

Indicadores de economia circular são métricas que avaliam como os recursos são utilizados ao longo de um ciclo de vida, quantos materiais são reciclados, o impacto geral sobre o meio ambiente, entre outros fatores. Eles são fundamentais para entender o impacto das práticas circulares e guiar decisões tanto em nível empresarial quanto em políticas públicas.

Classificação dos Indicadores de Economia Circular

De acordo com Moraga et al. (2019), os indicadores de economia circular podem ser classificados de acordo com diferentes estratégias de circularidade:

  1. Preservação de Produtos e Materiais: A maioria dos indicadores se concentra na preservação de materiais, como a taxa de reciclagem e a taxa de reuso. Esses indicadores mostram a proporção de recursos que são efetivamente reciclados e reutilizados, o que ajuda a reduzir a extração de novos recursos.
  2. Funções e Componentes: Alguns indicadores focam na preservação de componentes de produtos, avaliando a capacidade de reparação e a extensão da vida útil dos produtos. Isso inclui o nível de reutilização de componentes, que é importante para evitar o desperdício e valorizar a vida útil dos materiais.
  3. Preservação de Funções: Indicadores que avaliam o compartilhamento de funções também são relevantes, como uso compartilhado de produtos (exemplo: compartilhamento de carros ou ferramentas). No entanto, essa é uma categoria menos explorada atualmente.

Desafios e Limitações dos Indicadores

Apesar dos avanços, existem desafios consideráveis na medicação da economia circular. Muitos dos indicadores existentes são predominantemente focados em materiais, especialmente em reciclagem, o que limita a avaliação da economia circular como um todo. As implicações econômicas e sociais são muitas vezes negligenciadas, o que pode levar a uma visão incompleta do progresso.

Além disso, não há um consenso claro sobre qual é a melhor definição de economia circular, o que dificulta a comparação de indicadores entre diferentes contextos e regiões. Sem uma definição padronizada, cada iniciativa pode estar medindo algo diferente, comprometendo o entendimento geral.

A Necessidade de um Conjunto de Indicadores

Uma das principais conclusões é que não existe um único indicador capaz de avaliar todos os aspectos da economia circular. Portanto, é essencial utilizar um conjunto de indicadores que cubra diferentes dimensões:

  • Impacto Ambiental: Medir a redução da extração de recursos naturais e o impacto dos produtos no meio ambiente.
  • Desempenho Econômico: Avaliar o valor econômico gerado por meio de práticas de circularidade, como redução de custos operacionais ou criação de novos modelos de negócio.
  • Inclusão Social: Verificar se as práticas circulares estão promovendo justiça social e beneficiando as comunidades vulneráveis.

Exemplos de Indicadores Práticos

Alguns dos indicadores mais utilizados atualmente incluem:

  • Taxa de Reciclagem: Mede a porcentagem de materiais que são reciclados em relação à quantidade total de resíduos gerados.
  • Indicador de Circularidade dos Materiais (Material Circularity Indicator): Avalia a proporção de materiais que são mantidos em ciclos circulares, em vez de descartados.
  • Prolongamento da Vida Útil dos Produtos: Mede o nível em que os produtos são projetados para durar mais e serem reparados, em vez de substituídos.

Esses indicadores ajudam a entender a eficácia das práticas circulares e guiam o desenvolvimento de estratégias que possam realmente fazer a diferença.

Indicadores para Pequenas Empresas

Pequenas e médias empresas (PMEs) enfrentam desafios específicos na implementação de práticas de economia circular, como a falta de recursos financeiros e técnicos. No entanto, existem alguns indicadores que podem ser empregados de forma prática para ajudar as PMEs a medir seu progresso em circularidade:

  1. Eficiência no Uso de Recursos: Medir o consumo de recursos (como água e energia) por unidade de produto ou serviço. Isso ajuda as PMEs a identificar oportunidades de reduzir custos e aumentar a eficiência.
  2. Taxa de Reuso de Materiais: Avaliar a quantidade de materiais que são reutilizados nos processos produtivos. Isso pode incluir a reutilização de embalagens, sobras de produção ou materiais reciclados internamente.
  3. Redução de Resíduos: Monitorar a quantidade de resíduos gerados e buscar reduzi-los ao longo do tempo. Pequenas empresas podem focar em minimizar desperdícios durante a produção e encontrar novas utilizações para subprodutos.
  4. Durabilidade dos Produtos: Medir o tempo de vida dos produtos oferecidos e incentivar a reparabilidade. Aumentar a durabilidade dos produtos é uma estratégia importante para reduzir o consumo de recursos.
  5. Engajamento com a Cadeia de Suprimentos: Avaliar a colaboração com fornecedores para garantir que os materiais adquiridos sejam de origem sustentável e que práticas de economia circular estejam sendo adotadas na cadeia de valor.
  6. Feedback do Cliente: Coletar dados sobre a percepção dos clientes em relação às iniciativas circulares da empresa. Isso pode ajudar a ajustar estratégias e aumentar o engajamento do consumidor com produtos mais sustentáveis.

Esses indicadores são relativamente simples de implementar e podem fornecer às PMEs uma base sólida para avaliar e melhorar suas práticas de economia circular.

Como Podemos Ajudar Pequenas Empresas a Serem Mais Circulares

Podemos apoiar pequenas empresas na jornada rumo à circularidade de várias maneiras. Isso inclui mapear processos e caracterizar o modelo de negócio, para entender como elas operam atualmente e identificar oportunidades de melhoria. Também podemos estudar os impactos ambientais e sociais de suas atividades, fornecendo insights sobre onde intervenções são mais necessárias. Além disso, oferecemos treinamentos sobre o desenvolvimento e a implementação de práticas de economia circular, capacitando os colaboradores para adotarem novos métodos de trabalho. Identificamos ainda os principais pontos que precisam de atenção para atender aos padrões da economia circular, ajudando as pequenas empresas a desenvolverem estratégias eficazes e sustentáveis.

  • Moraga, G., Huysveld, S., Mathieux, F., Blengini, G. A., Alaerts, L., Van Acker, K., … & Dewulf, J. (2019). Circular economy indicators: What do they measure? Resources, Conservation & Recycling, 146, 452-461. https://doi.org/10.1016/j.resconrec.2019.03.045
  • Rizos, V., Behrens, A., Kafyeke, T., Hirschnitz-Garbers, M., & Ioannou, A. (2016). Implementation of Circular Economy BusinessModels by Small and Medium-Sized Enterprises (SMEs): Barriers and Enablers. Sustainability doi:10.3390/su8111212

Categories: Economia Circular, Ferramentas
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